sábado, 13 de novembro de 2010

Pará é o Estado das mães adolescentes

As mulheres paraenses continuam dando à luz muito cedo, seguindo tendência contrária ao restante do Brasil, que já registra crescimento no número de mães que têm filhos entre os 30 e os 34 anos. Foi o que apontou a pesquisa “Estatísticas do Registro Civil de 2009”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. No Maranhão e no Pará, os índices apontam predominância de mães do grupo etário de 15 a 19 anos e de 20 e 24 anos, contrariamente aos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, onde as proporções de nascimentos entre mães que pertenciam ao grupo etário de 30 a 34 anos foram maiores que as do grupo de 15 a 19 anos.

No Pará foram registrados 118.044 partos em 2009. Deste total, 1.246, ou 1,2%, nasceram de mães com menos de 15 anos de idade. É o 5º estado com o maior percentual de mães na faixa etária abaixo de 15 anos, perdendo apenas para Tocantins, Alagoas e Acre (1,3%) e para Roraima (1,5%)

Mães com idade entre 15 e 19 anos deram à luz a 25.773 , ou 24,3% dos nascimentos registrados, o maior índice nesta faixa etária registrado no Brasil. Na faixa entre 20 e 24 anos deram à luz 34.727 crianças, ou 33,7%, a segunda maior taxa nacional, ficando atrás apenas do Maranhão com 35,5%.

O IBGE explica que o estreitamento da pirâmide etária nos grupos mais jovens, a diminuição das taxas de fecundidade em todas as idades e a postergação da maternidade, em especial no caso de mulheres com maior escolaridade, são elementos que podem estar contribuindo para a redução absoluta e relativa dos nascimentos, principalmente, entre a população feminina de 15 a 19 anos e 20 a 24 anos. Mas este não é o caso, por exemplo, dos estados da região Norte do país, que continuam apresentando os maiores índices de maternidade em grupos mais jovens.

Os estados da região Norte também se destacam pelo percentual de nascimentos ocorridos em domicílios, especialmente no Acre (10,8%) Amazonas (10,7%) Pará (6,2%) e Roraima (6,1%). Em Belém, por sua vez, foram registrados apenas 90 partos feitos em domicílios. O nascimento de três ou mais irmãos em um mesmo parto também é pouco no Pará: em 2009 foram registrados apenas 21 nascimentos com mais de três nascidos por parto.

VIOLÊNCIA

Os dados divulgados pelo IBGE mostraram que a violência continua sendo uma das maiores preocupações dos moradores do Pará. Embora estes índices venham apresentando uma leve tendência de declínio em outras regiões do país, com a proporção de óbitos masculinos com causas violentas no Brasil de 14,9% do total de óbitos, no Pará este total chega a 20,1%, ficando atrás apenas de Alagoas (21,1%), Espírito Santo (21,3%) e Mato Grosso (23,8%).

Os números indicam que a violência atinge mais a população masculina jovem. Em 1999, na faixa de 15 a 24 anos, 69,5% dos óbitos masculinos estavam relacionados às causas violentas. Esse valor aumentou para 69,3% em 2004 e voltou a cair, chegando a 67,9% em 2009. Uma tendência oposta foi verificada nas regiões Nordeste (58,7% em 1999 para 62,7% em 2009) e Sul (66,5% em 1999 para 70,9 em 2009); já o Sudeste, mesmo com declínio, ainda apresentou os maiores percentuais da faixa etária, de 76,7% em 1999 para 73,7% em 2009.

Entre as mulheres, no mesmo período, o percentual nacional de mortes violentas ficou praticamente estável em torno de 33% do total de óbitos, com leve declínio em âmbito nacional e a mesma tendência oposta de aumento no Nordeste (de 26,6% para 29,7%) e no Sul (de 35,9% para 38,6%).

Pelos dados do IBGE, um em cada cinco homens morreu de causa violenta em 2009 no Pará. Das 3.738 mortes violentas registradas no Estado, 3.273 foram de homens e apenas 465 de mulheres.

Susto compensado pela emoção de ser mãe

A estudante Patrícia Oliveira, 23 anos, não esperava ser mãe tão jovem. Mas há nove meses teve a surpresa: esperava a Mariana, que nasceu há sete dias, na Santa Casa. “A gente fica preocupada, mas graças a Deus, sempre teve o apoio da família”, lembra. A jovem mamãe está ciente de suas responsabilidades daqui por diante. “As mudanças vão ocorrer. A gente sabe que aumentam as responsabilidades, mas fiquei muito feliz, foi uma emoção inexplicável”, garante. Pelo menos temporariamente, Patrícia deixou de trabalhar e estudar.

Já para a dona de casa Nazaré Santos, 24 anos, a gravidez de Maria Isabel, hoje com 16 dias, não trouxe grandes surpresas. Ela já tinha outro filho. “Só fiquei preocupada com a saúde dela na gravidez. O primeiro filho foi mais preocupante, porque era a primeira vez, mas agora, as outras sensações de felicidades se repetem da mesma maneira”, admite.

Quando Lakshmi Natália, 24 anos, professora, engravidou de Maria Eduarda, aos 21, a primeira preocupação foi com o trabalho. “Tive que colocar todos os planos futuros para segundo plano e ela em primeiro”.

Depois do parto, Lakshmi continuou estudando e trabalhando. “Estava começando a universidade e agora consegui terminar o curso e hoje trabalho junto com minha mãe na escola”. Ela confessa que preferiria ter planejado melhor a família, mas que pretende conciliar as prioridades com o planejamento familiar. (Diário do Pará/Brasília)

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